quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Segunda Parte

Olá indivíduos,

Os próximos desenhos são a continuação do raciocínio da postagem anterior. Como vocês, tão iguais e piedosos, tornaram-se tão desiguais e ostentadores? Jean-Jaques Rousseau talvez tenha encontrado a origem do problema.
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"O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro fundador da sociedade civil."
"O raio, um vulcão ou algum feliz acaso lhes fez conhecer o fogo."
"As novas luzes resultantes desse desenvolvimento aumentaram sua superioridade sobre os outros animais, dando-lhe uma coincidência disso".
"Grandes inundações ou terremotos cercaram de águas ou de precipícios as regiões habitadas [...] entre homens aproximados desse modo e forçados a viver juntos, deve ter-se formado um idioma comum".
"Ao adquirirem base mais fixa, os homens [...] formam enfim, em cada região, uma nação particular, unida por costumes e características"
"Jovens de dois sexos habitam cabanas vizinhas [...] adquirem imperceptivelmente ideias de mérito e beleza que produzem sentimentos de preferência. [...] O ciúme desperta com o amor, a discórdia triunfa e a mais doce das paixões recebe sacrifícios de sangue humano."
"Quem cantava ou dançava melhor [...] tornou-se o mais considerado, e esse foi o primeiro passo tanto para a desigualdade quanto para o vício."
"Do cultivo de terras seguiu-se necessariamente sua divisão, e a propriedade, uma vez reconhecida, as primeiras regras de justiça."
"O mais forte realizava mais trabalho; o mais habilidoso tirava um melhor partido do seu; [...] e, trabalhando igualmente, um ganhava muito, enquanto o outro tinha dificuldade de viver."
"Foi assim que os mais poderosos ou os mais miseráveis fizeram de sua força ou de suas necessidades uma espécie de direito ao bem de outrem, equivalente, segundo eles, ao direito de propriedade, e o rompimento da igualdade foi acompanhado da mais terrível desordem."
"Tendo em vista, [...] o horror de uma situação que armava todos uns contra os outros [...] ele [o rico] inventou facilmente razões especiosas para levá-los a seu objetivo. 'Unamo-nos', disse a eles, 'para proteger da opressão os fracos, conter os ambiciosos e garantir a cada um a posse do que lhe pertence. Instituamos regras de justiça e de paz às quais todos sejam obrigados a se conformar'."
"Todos correram ao encontro de seus grilhões acreditando assegurar sua liberdade, pois, embora tivessem suficiente razão para perceber as vantagens de um estabelecimento político, não tinham experiência suficiente para prever seus perigos."
"O povo, já acostumado à dependência, ao repouso e às comodidades da vida, e já incapaz de romper suas cadeias, consentiu em deixar aumentar sua servidão para assegurar sua tranquilidade."
"Os povos não teriam mais chefes nem leis, apenas tiranos. [...] Onde reina o despotismo [...] não se aceita outro senhor; [...] a mais cega obediência é a única virtude que resta aos escravos."

Referência
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens (1750). Rio de Janeiro, L&PM Pocket, 2009.

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